25 de dezembro de 2008

UM PREÇO MUITO ALTO (CONTO)

Ele a percebeu assim que ela chegou. Ela era exatamente como nas fotos. A mesma pinta no queixo, linda por sinal, de que tanto reclamava. Havia esperado esse momento por meses.
Lembrou de como tudo começou. Do comentário meio bobo feito na internet. Da resposta inteligente que ela havia dado. Sem saber o motivo começou a seguir os links que ela deixava. Os anos preso em um relacionamento sem profundidade o haviam deixado meio que frio sentimentalmente. Tanto que ,inicialmente, não percebeu que estava apaixonado. Não notou o quanto era estranho ficar lendo textos perdidos em blogs e fotologs de alguém que não conhecia. Soube de quando a mãe dela ficara doente, ou de quando passou num concurso público. Mas o mais importante não havia notado, ou talvez seu intimo houvesse se recusado a assimilar. Ela era casada.

Infelizmente só soubera deste fato depois de já estar perdido.

Demorou alguns dias para ter coragem para procurá-la. Meio que demonstrando falta de interesse havia deixado seu endereço eletrônico num dos diversos locais dela. Foi com surpresa que leu, num dia em que estava desligando o computador, que ela havia acabado de adicioná-lo no MSN. Teclou um “oi” não esperando resposta e quando ela o respondeu descobriu que não havia mais volta.
Foram meses de contato, que só aumentaram sua admiração por ela. Ela era a mulher que ele havia esperado tanto tempo. O gosto musical, suas preferências por livros e filmes ou o jeito de escrever “desculpa” nos diversos e-mails que trocaram, poderiam parecer motivos bobos para justificar uma paixão, mas para ele significavam muito. Até mesmo começara a achar normal ficar esperando a bendita cartinha azul de mensagem recebida no celular. Ele tinha certeza de que era ela. E estava apaixonado
Quanto ao marido, não conseguia entender o que os unia. Não combinavam, e isso era patente. Ela vivia reclamando do jeito que ele a tratava. Pelo que ela havia dito namoravam desde sempre. Ele era seu primeiro namorado. Haviam se separado algumas vezes, mas sempre voltavam. Ele sabia, e ela havia dito que, para se separar, teria que ser por um motivo muito forte. Será que o que ele sentia não era o bastante?
De repente percebeu o que o preocupava. E se não desse certo? E se ela não tivesse um lugar para voltar depois? Seria justo sacrificá-la por algo que talvez só ele sentisse?
Ela estava sentada duas mesas depois da sua. Olhava para o relógio a cada minuto. Essa seria a primeira vez em que se encontrariam pessoalmente. Então ele a amou como nunca havia amado ninguém antes. A amou mais do que a si mesmo. Foi com coragem que se encaminhou para porta do bar. Não foi reconhecido quando passou por ela. Havia tirado a barba e deveria estar realmente muito diferente das fotos que a havia enviado. Não olhou para trás, poderia mudar de idéia. Teria que trocar o celular e todos os seus endereços de e-mails, mas tudo bem. Arriscar toda a vida dela pelo que poderia ser um capricho seria um preço muito alto para se pagar.
Estava começando a chover e notou que algumas lágrimas lhe escapavam. O céu estava cinza, tanto quanto seu coração. Finalmente olhou para o bar e desejou, de todo o coração, que ela tivesse uma boa vida.

F i m

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu me identifiquei com seu conto, não sei o que te levou a escrever pq nele vc parece usar alguns argumentos para desviar a atenção do leitor, no caso eu rsrsrs... gostei mesmo.Sendo pretenciosa, quero acreditar q foi feito pra mim. Beijos cálidos

unknow disse...

Olha, nada contra, mas vcs não poderiam se identificar???